Em janeiro de 1944, com dezessete anos de idade, o jovem esperançoso e confiante Dagmar Pereira Nóbrega entra no convento franciscano de Ipuarana, Lagoa Seca-PB, da Província de Santo Antônio do Brasil. Dagmar, nascido na cidade de Pombal, no dia 27 de fevereiro de 1927, filho de Francisco Pereira Dantas e Jardelina Mamede da Nóbrega, ficou no Seminário Seráfico de Santo Antônio, no Convento de Ipuarana, de 1944 até novembro de 1950, quando terminou seus estudos e foi transferido para o convento franciscano de Sirinhaém-PE, onde no dia 07 de dezembro do mesmo ano de 1950, entrou no noviciado, recebendo o nome de Albano. Terminado o noviciado, no dia 08 de dezembro de 1951, fez seus primeiros votos no Convento Franciscano de Sirinhaém e foi transferido para o Convento de Olinda-PE, onde nos anos de 1952 e 1953 fez seus estudos de Filosofia. Transferido em janeiro de 1954 para o Convento Franciscano de Salvador-BA, iniciou logo seus estudos de Teologia. No dia 08 de dezembro de 1954, fez sua Profissão Solene na Igreja do Convento de São Francisco, em Salvador. Ao chegar aí, fez amizade com o confrade Frei Hildebrando Kruthaup, que era definidor da Província de Santo Antônio e tinha comprado uma caminhonete para servir de Carro-Capela, e que, juntamente com Frei Tadeu Glasser e Frei Basílio Gonzaga de Lima, missionavam nas periferias de Salvador. Nas horas vagas dos seus estudos, Frei Albano também ajudava ao Frei Hildebrando. Frei Albano foi ordenado sacerdote no dia 16 de dezembro de 1956, na Igreja Conventual de Salvador, pelas mãos do arcebispo desta cidade, Dom Mário de Miranda Vilas Boas. Mesmo ordenado sacerdote, e ainda estudando teologia, no ano seguinte, quando terminou o seu curso teológico, continuou missionando nas periferias de Salvador junto com Frei Hildebrando e confrades. Depois que Frei Hildebrando Kruthaup morreu em 11 de janeiro de 1986, Frei Albano se juntou ao Frei Leônidas Menezes, e, com o dito carro-capela que Frei Hildebrando deixara, iniciou santas missões nos bairros de Cosme de Farias, Pernambués, Engenho Velho, Plataforma, e outros bairros periféricos de Salvador. Frei Albano também missionou em Guiné Bissau, na África. Muito querido entre os seus confrades na fraternidade de Salvador onde residia, no dia 10 de agosto de 2020, aos 93 anos de idade, foi internado no Hospital Salvador com insuficiência cardiorrespiratória, consequência do acúmulo de secreção pulmonar que inspirou constantes cuidados médicos. A certa altura, apesar de não necessitar fazer uso de balão de oxigênio, e em consequência da pneumonia e complicações cardiorrespiratórias, foi à óbito às 8h00 do dia 09 de setembro de 2020. Nesse dia, a fraternidade de São Francisco em Salvador/BA celebrou as exéquias de Frei Albano Pereira de Nóbrega. Diante do evento de sua morte, surgem dois sentimentos: o da perda, caracterizado pela ausência fraterna, e o de alegria, pela passagem da vida terrena à vida eterna.
A morte de um franciscano parte do princípio da felicidade. Jamais se confunde com a tristeza e muito menos com as sombras do luto. Trata-se dum encontro entre a pequenina criatura e o Criador que a fez. É como a plenificação da vocação doada e a confirmação de um sim que dito uma vez se tornou eterno. Este ensinamento foi dado pelo próprio Seráfico Pai São Francisco que se relacionou com a irmã morte de forma amiga e fraterna.
No fim da vida, é a morte que se torna a amiga, a irmã e a companheira que conduz à última jornada, ao tão esperado encontro com o Sumo Bem. Como eleitos de uma vida eterna que se deu na fidelidade dos conselhos evangélicos, nos tornamos habitantes do Reino definitivo que começamos a construir com a nossa breve passagem na Terra.
Olhar para frei Albano é enxergar nele um homem destemido que foi peregrino e forasteiro enquanto viveu. Frade de uma presença silenciosa, orante, missionária e jovial. Viveu uma vida confirmada no Evangelho em busca de se configurar com o próprio Cristo.
O velório do Frei Albano se deu na Igreja do Convento São Francisco e a missa de corpo presente, realizada às 15 horas, foi presidida por Frei Arnaldo Motta, companheiro de estudos do irmão falecido. Além dos testemunhos de alguns contemporâneos do Frei Albano que se fizeram presentes, durante o tempo da missa e funeral, foi possível acompanhar os testemunhos virtuais de alguns familiares impossibilitados de estar presentes por conta da pandemia.
Após o cortejo com o féretro até o cemitério, o confrade foi sepultado de modo sereno. Aos que ficaram, resta a certeza da ressurreição dessa semente plantada na terra.
Frei Felipe Ferreira, OFM
Transcrito de:
FERREIRA, Felipe. "Frei Albano Pereira da Nóbrega, um missionário de carro-capela". Notícias - Província Franciscana de Santo Antônio do Brasil, Recife, set./ out. 2020, ano LXV, n. 496, p. 12-13.
